quinta-feira, 22 de maio de 2014

A questão da Violência: Como é viver no Oriente Médio

Esta foi a pergunta que mais ouvi antes de vir para o Oriente Médio: "Mas tu não tem medo de ir pra lá?" Buenas...minha resposta sempre foi a mesma: "Tenho medo é de viver no Brasil". Então, vamos tirar a prova dos 9...

Experimente caminhar na sua cidade de madrugada, deixar a chave do seu carro na ignição e sair para ir pagar uma conta no banco, não trancar a porta e as janelas de casa, andar na rua falando com alguém no seu IPhone,...Utopia? Não! Isso ocorre no Oriente Médio. 

Agora pense no que você lê ou assiste quando acessa um site de notícias ou quando está jantando e começa o jornal? Violência. No Brasil respiramos violência, almoçamos violência, escutamos violência. Ela está tão presente no cotidiano da sociedade brasileira que se tornou algo banal para a população, para os Governos e para os bandidos. Aliás, as únicas notícias relacionadas ao Oriente Médio são sobre violência!


A população brasileira já está perdendo o prazer em se divertir, em compartilhar momentos bons com a família ou com os amigos. Há medo de se sair para jantar e voltar tarde (quando não ocorre arrastão no restaurante), de se locomover pelas ruas de carro, de se ostentar. Aqui, as principais cidades possuem serviços 24 horas para atender a população que necessita comer e fazer comprar em horários não comerciais devido suas vidas corridas, por exemplo. Passear a noite é costume dos árabes, principalmente nas quintas e sextas e durante o mês de Ramadã.  Boa parte das redes de restaurantes e fast-foods costumam fechar suas portas às 5:00 da manhã. Não há problema de se cruzar um parque a noite, uma rua escura ou dirigir de madrugada.


No Oriente Médio a insegurança é outra. Falar em violência é falar em conflitos. A violência está no cotidiano dos países que estão sofrendo ou sofreram com guerras, como Síria e Iraque. Porém não é a violência que estamos acostumados no Brasil, violência que está encravada em nossa sociedade e que a cada dia cresce, deixando os brasileiros reféns dos bandidos e de Governos inoperantes e apáticos. Aqui é a violência por meio de declaração. Ela tem nome e alvo. É política (no sentido de existir uma razão política-social entre as partes). 

Os números de assaltos e assassinatos em países como EAU, Jordânia, Catar, Kuwait, Líbano são extremamente pequenos. E como é sempre noticiado, morre mais gente, anualmente, no Brasil com arma de fogo que qualquer outra guerra no mundo. 

É algo para se refletir, já que a desigualdade social também está presente nesta região. Há gente muito pobre, há gente muito rica. Se vê meninos desfilando com nike, camisa e calça de marca e outros de chinelo de dedo e blusa surrada vendendo hortelã e outras especiarias em uma barraquinha com o pai no centro de Amã. Porém, existem três componentes muito fortes que podem explicar isso: Lei, Religião e Valores. As leis são duras para os infratores, a religião pesa muito na hora de se pensar em cometer um crime e os valores morais e éticos ainda são muito fortes na sociedade árabe-muçulmana. A unidade familiar ainda possui um atributo importante que é o da educação. Outro fator que, também, pode ser colocado em voga é a proibição de bebidas alcoólicas e drogas (Na Jordânia há lojas especializadas na venda de bebidas, mas somente não-muçulmanos podem comprar). Já drogas, o mercado negro deve existir por aqui...Só não seja descoberto, senão...

Muitas pessoas me perguntaram como é viver no Brasil e acabo sempre dizendo a mesma coisa: "É bom, mas a violência é demais". É uma frase batida, mas tão real e triste que não me faz sentir saudade quando penso nisso. Ainda estou me acostumando a ser livre por aqui. Sem me preocupar se posso ser seguida ao sair do banco ou se usar um par de brincos de ouro. Já os árabes, ficam abismados em saber que a gente com tanta beleza, riqueza e sendo um povo tão querido, sofremos tanto com esse problema. O tema é tão complexo no Brasil e aqui que fico na superficialidade.

Por outro lado, não quero pintar o Oriente Médio como um paraíso, mas é tão bom poder andar pelas ruas às 3:00 de madrugada tomando sorvete e jogando conversa fora sem se preocupar.

Um comentário:

  1. Que bênção poder ter liberdade para ir e vir sem medo. Aqui no Brasil acredito que não voltaremos a ter novamente a mesma vida tranquila do passado. Não acredito...mas, milagres acontecem! Bjs.

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