terça-feira, 14 de outubro de 2014

Personagens do Oriente Médio - Tawakkul Karman

Tawakkul Karman nascié jornalista, ativista dos Direitos Humanos e foi a primeira mulher árabe a ganhar o Nobel da Paz e o Prêmio Internacional de Mulheres com Valor em 2011. Nascida no Iemen (na cidade de Ta'izz em 7 de fevereiro de 1979), ela é uma das líderes femininas mais importantes nos direitos à mulher no mundo. 

"Sou uma cidadã do mundo, a terra é minha pátria e a humanidade é minha nação" - Tawakkul Karman.



Questionada por jornalistas em uma coletiva por ser muçulmana e usar o Hijab, Karman respondeu: "O Homem nos primeiros tempos estava quase nu, e com o seu intelecto desenvolvido, começou a usar roupas. O que eu sou hoje e que eu estou vestindo representa o mais alto nível do pensamento e da civilização que o homem tem alcançado e não é regressivo. É a remoção das roupas mais uma vez que é regressivo, é uma volta aos tempos antigos".

sábado, 11 de outubro de 2014

Literatura Árabe e seus escritores famosos

Poesia, prosa, novelas, romances são lidos por milhões de pessoas em todos os cantos do planeta. Uma das mais antigas e mais lidas é a literatura árabe, chamada de adab (palavra que pode ser traduzida como "convidar alguém para uma refeição" e tem como sentido polidez, cultura e enriquecimento). A literatura árabe tem seu surgimento no século VI, apenas com fragmentos do idioma escrito aparecendo até então. Foi Al Corão, o último livro sagrado enviado por Deus aos Homens, no século VII, que teve um efeito mais duradouro na cultura árabe e na sua literatura como um todo. 

Jabra Ibrahim Jabra


A literatura árabe floresceu durante a Era de Ouro do Islamismo com escritos de ciência, medicina, matemática, cultura, poesias, poemas e continua até os dias de hoje. Muitos escritores fizeram sucesso no mundo com suas obras, como é o caso de Naguib Mahfuz, o primeiro árabe a ganhar o Nobel de Literatura. A literatura árabe é muito mais do que sua obra mais conhecida, "As mil e uma noites". Abaixo estão os 10 melhores livros já escritos em língua árabe conforme a Arab Writers Union.

Naguib Mahfouz

1 - A trilogia do Cairo - do egipcio ganhador do Nobel de Literatura em 1988,Naguib Mahfouz. 

2 - In Search of Walid Masoud - do palestino Jabra Ibrahim Jabra. 

3 - Honor - do egipcio Sonallah Ibrahim. 

4 - War in the Egyptian Homeland - do egipcio Yousef Al-Qaeed.

5 - Men in the Sun - do palestino Ghassan Kanafani.

6 - The Secret Life of Saeed the Pessoptimist - do palestino Emile Habibi.

7 - The Desolate Time - do sírio Haidar Haidar.

8 - Rama and the Dragon - do egipcio Edward al Kharrat.

9 - Tattoo - do iraquiano Abdul Rahman Majeed al-Rubaie

10 - Beirut Nightmares - do sírio Ghada Samman

Mais informações e dicas de escritores árabes em: Entre Oriente - Facebook

domingo, 28 de setembro de 2014

Dabkeh - dança típica do Oriente Médio

Conforme a história, a dança se originou de um episódio onde um grupo de pessoas estavam trabalhando juntas para a construção de casas após a época de chuva no Líbano, séculos atrás. Nestas construções os telhados eram feitos de madeira, palha e terra. A terra precisava ser compactada o que exigia pisar sobre ela. Com o ritmo do pisotear surgiu uma das danças tradicionais mais antigas(na tradução Dabkeh seria "bater os pés"). 




Popular no Líbano, Síria, Palestina, Jordânia e Turquia, o Dabkeh é dançado por grupos de homens, mulheres ou mistos. Os ritmos dançados mais comuns são: Dalaouna, Ataba, Abouzelouf e Mijana. Uma atenção peculiar no Dabkeh é o traje usado pelos homens - quase igual a roupa usada pelos gaúchos - calça larga, botas e lenço no pescoço - o que comprova a invenção da imagem do homem gaúcho perante seu folclore.


quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Personagens do Oriente Médio - Hana Hajjar

Personagens do Oriente Médio - Hana Hajjar


A cartunista política saudita começou a desenhar suas primeiras charges políticas com apenas 12 anos. Seus primeiros desenhos lidavam com a guerra na Palestina, pedindo fim ao conflito. Hoje, Hajjar é uma das poucas mulheres que trabalham para o canal de notícias Arab News e a única cartunista política feminina na Arábia Saudita. Suas charges falam sobre diversos assuntos: política, cotidiano, família, desigualdade de gênero e economia.


Twitter: https://twitter.com/hanahajjar


Abaixo algumas charges de Hana:











quinta-feira, 31 de julho de 2014

A celebração do Eid ul-Fitr

Nestes dias após o fim do Ramadã, que se deu no dia 28 de julho, está sendo comemorado até o dia primeiro de julho o Eid ul-Fitr ou Eid, simplesmente, por todos os muçulmanos do mundo. Aqui na Jordânia o movimento é gigante, as pessoas celebram nas ruas com vizinhos e parentes em uma grande festa. As palavras Eid ul-Fitr significam "Celebração do fim do jejum" e são sempre comemoradas no mês, posterior ao do Ramadã, chamado de Shawwal que é o décimo mês do calendário islâmico. O Eid religioso é comemorado apenas em um dia, mas nos países de maioria muçulmana estende-se por 3 ou 4 dias.


Em Amã estou me surpreendendo com o movimento de carros nas ruas. Pela manhã, as principais ruas da cidade estão com pouco fluxo e mal se ve pessoas caminhando. A noite, a cidade fervilha de carros, pessoas e alegria. A magia desta data é contagiante. No Eid, há diversos rituais que devem ser realizados como: se você tem condições, é obrigatório fazer caridade, seja doando dinheiro, mantimentos, roupas, o que for aos pobres e necessitados (ajudar alguém tanto quanto for possível - assim como em outras datas), deve-se orar o Fajr (primeira oração) em uma mesquita e ir à pé até ela, deve-se comprimentar com "Eid Mubarak" ("Eid abençoado") outros muçulmanos, usar roupas novas, visitar e dar presentes a parentes e amigos e presentear as crianças. Mas nada é tão fantástico como ouvir ecoando na cidade toda o som das vozes que saem das mesquitas dizendo: "Allahu Akbar, Allahu Akbar, Allahu Akbar, La Ilaha Illallah, Wallahu Akbar, Allahu Akbar Wa Lillahil-Hamd". Esta frase é dita por dezenas de vezes e mais parece uma música.


As lojas de doces, restaurantes e casas de família enchem de gente. É um burburim de vozes e muito se gasta para agraciar os entes queridos. É uma linda festa em celebração ao sacrifício de jejuar por um mês inteiro e agradecer a Deus pelas bençãos. O melhor de tudo, é poder participar de uma festa assim e ver o quanto o amor ao próximo é pregado no Islã. 

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Al Ghor (Oriente Médio): Vivendo na região mais baixa do planeta

Al Ghor ou Al Ghawr é uma região do Vale do Jordão na fronteira da Jordânia com Israel e Cisjordânia com cerca de 110 km de extensão entre o mar da Galiléia (Lago Tiberíades) e o Mar Morto. Está é a região habitada mais baixa do planeta cerca de 300 metros abaixo do nível do mar. Al Ghor (pronuncia-se Al Ror) faz parte do complexo chamado de Great Rift Valley no qual o rio Jordão corre entre as fronteiras dos países. Este é o lugar que alimenta boa parte do Oriente Médio. As terras do Al Ghor são férteis e na metade norte do vale, no lado da Jordânia, existe um canal que auxilia na irrigação das terras cultivadas. O canal corre paralelamente ao rio Jordão, cerca de 72 km, entre o Rio Yarmuk e o Rio Zarqa. Suas águas ajudam no cultivo trigo, verduras, pimentas e frutas durante o ano todo.  Entre os países que importam os produtos do Al Ghor estão: Turquia, Europa, Emirados Árabes Unidos, Iraque, Líbano e Arábia Saudita. Na parte sul do Al Ghor, a agricultura é praticada por meio de largos oásis e nas regiões partes não irrigadas, a criação de ovelhas e cabras predomina.


O verão é escaldante durante o dia e a noite o vento trás uma temperatura amena. Por ser muito baixa, é rodeada por grandes e belas montanhas a Leste (em direção a Amã) e Oeste (Israel e Cisjordânia) cheia de grandes e pequenas cavernas, ás vezes, habitadas por pequenos grupos de beduínos. Há comércio, banco, restaurantes, hospitais e toda uma infra-estrutura, simples, mas existe, para os milhares de moradores, sejam eles sazonais ou fixos. Durante os meses de setembro a junho a região é invadida por palestinos e egípcios em busca de trabalho nas inúmeras fazendas. Atualmente, os refugiados sírios também costumam vir para tentar a sorte durante os meses de colheita. Na realidade, Al Ghor é uma região predominantemente de auxílio aos refugiados dos países vizinhos, como os palestinos expulsos de suas casas por Israel que não conseguem trabalho nas grandes cidades. 

A região é berço de muitas histórias e descobertas arqueológicas. A mais famosa delas é a do achado dos manuscritos de Balaão, filho de Beor, que segundo os dois livros sagrados (Torá e Bíblia) foi um profeta cujo Balaque deu ordens para amaldiçoar o povo de Israel. Estes manuscritos foram encontrados na cidade de DeirAllah, cerca de 60 km do Mar Morto. Por estar no coração do Oriente Médio, Al Ghor foi rota de diversos profetas e seguidores destes. No caso do profeta Maomé, vários de seus Sahabah (companheiros) estão enterrados em mesquitas da região como: Dhirar ibn al Azwar, Abu Ubaidah ibn al Jarrahe  e Shurahbeel ibn Hassana. Além disso, foi o local onde ocorreu a Batalha de Fahl entre o Califado islâmico e o Império Bizantino em 635.

Nesta que é uma das regiões habitadas mais antigas, olhar de longe o verde das plantações nos faz ver o quanto o Homem é forte para sobreviver e cultivar vidas em partes tão longínquas e áridas da Terra.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

A mulher no Oriente Médio

Neste tempo em que estou vivendo no Oriente Médio pude notar o quanto que a mulher é importante nesta sociedade. Na verdade, a mulher é o alicerce de qualquer sociedade.

Muito se fala, se noticia sobre maus tratos, inferioridade, silêncio, opressão. Coisas que ocorrem em qualquer parte do mundo, mas que viram algo cultural se for no ORIENTE MÉDIO. O que estou vendo aqui são mulheres ativas, que estudam, que trabalham, que cuidam de seus filhos, que sorriem, que se divertem, que se embelezam e que os homens respeitam. Se há diferenças entre a mulher que vive no Oriente Médio e em outras partes do mundo? Claro. Sempre haverá alguma diferença entre nós. Nosso comportamento, nossa forma de se vestir, de lidar com pessoas e com situações. Até porque somos especiais, únicas.


Nos países de maioria muçulmana a mídia vive mostrando certas atrocidades que o sexo feminino passa. Mulheres são mortas, surradas, inferiorizadas, coisificadas o tempo todo no resto do planeta e em qualquer região do mundo isso não tem nada a ver com religião. Porém quando estas coisas ocorrem por aqui, a primeira coisa que se culpa não são os homens covardes, mas sim, a religião. Religião nenhuma ensina a bater e maltratar mulheres. NENHUMA. A própria mulher tem o direito pelo Alcorão de pedir o divórcio, caso seu marido a maltrate e é totalmente proibido o homem levantar a mão para sua mulher, algo que comprova que é covardia masculina e não religião. Mas sempre haverá a distorção, porém, não entremos em detalhes.

Se há coisas que são estranhas e talvez erradas, sim, há. Acho um absurdo mulheres não poderem dirigir na Arábia Saudita. Mas existe, no mesmo país, uma lei para protegê-las da violência doméstica. Tratar mau mulheres, animais, crianças não tem nada a ver com crença, é índole. O mundo está cheio de violência. Sempre esteve. Só que hoje ela chega aos nossos lares pela tv, pela Internet e bate à nossa porta instantaneamente. Em nenhum lugar precisaria haver lei para proteger mulheres se os homens tivessem dignidade e caráter.


As mulheres no Oriente Médio são professoras, engenheiras, médicas, arquitetas, empresárias, jogadoras de futebol, políticas, agricultoras...Estigmatizar as mulheres do Oriente Médio e chamá-las de oprimidas é um erro. Por que seriam? Por que cobrem seus cabelos e não andam chamando atenção com suas curvas? Por que precisam de permissão do pai para casarem? Ninguém melhor que nosso pai e nossa mãe para saberem o que é melhor para nós, não é? Ninguém nos ama tanto quanto eles. É a filha que está prestes a sair de casa, para viver com alguém pelo resto da vida, se for possível. Isso não é opressão, é amor. Forçar a casar com alguém que não ama já é outra coisa (algo natural em diversas culturas no planeta, no próprio Brasil isso já foi normal).

Nada melhor do que conhecer algo para falar dele. Convivendo com elas eu vejo que na verdade temos semelhanças universais. Somos sonhadoras, vaidosas e estamos em busca de algo que nos complete. No Oriente Médio não é diferente. As mulheres estarão sempre lutando por seus direitos, vivendo suas vidas corridas e cheias de tarefas seja na Arábia Saudita, no Líbano, no Brasil, na França ou em qualquer pedaço de terra deste planeta.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Personagens do Oriente Médio: Moaffak Makhoul e o maior mural de material reciclável do mundo

O artista plástico sírio, Moaffak Makhoul e sua equipe construíram o maior mural com materiais recicláveis do mundo em Damasco, em homenagem às vítimas do terceiro aniversário do conflito no país. O objetivo de Makhoul era inspirar, dar esperança e criatividade para seu país devastado pela guerra. 


O maior mural de material reciclado tem 720 metros quadrados e foi feito com objetos recolhidos no bairro de Al Mazzeh em Damasco. Al Mazzeh é um bairro de classe alta e a parede que Makhoul edificou fica ao lado de uma auto-estrada que leva ao centro da capital. Entre os materiais usados estão: sucata de carros, rodas de bicicletas, utensílios de cozinha, tubos, latas de refrigerantes, espelhos e pedaços de cerâmica.

"Começamos o trabalho em outubro de 2013, porque eu senti a necessidade de dar alguma coisa para o meu país, fazer algo para o povo sírio ser conhecido por seu amor, por sua beleza, pela vida e a natureza que temos. Muitas pessoas vieram de zonas de guerra para nos dar as suas chaves de casa ou outros objetos pessoais para colocarmos no mural." disse Makhoul 


O resultado é um mural vibrante que trouxe as pessoas para a rua. "Todos os tipos de pessoas passam para vê-lo. O mural reuniu os sírios", disse a dona do espaço onde fica o muro. Souheil Amayri, um professor que ajudou na construção, disse que o objetivo era ajudar a reviver a esperança na Síria, onde a guerra já matou cerca de 146 mil pessoas e obrigou milhões de pessoas a fugir. "O mural nos dá esperança de novo. Damasco está ferida e triste...E criar algo belo do lixo significa que podemos reconstruir apesar da destruição".

O trabalho de Makhoul é singelo e de um simbolismo ímpar.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Mar Morto

Um dos lugares mais impressionantes que já visitei até agora foi o Mar Morto. O Mar que na verdade é um Lago ( o que me faz lembrar o debate do que seria o Guaíba em Porto Alegre) é impressionante. A estrada que leva ao Mar Morto, a rodovia 65, é linda. É quase que impossível não prestar atenção ao redor, cheio de montanhas e paisagens que mais parecem lunares. De repente ao lado direito, para quem segue para Aqaba, surge em um penhasco um mar azul brilhante. Por mais que suas águas estejam secando, ele parece gigante diante de nós. São águas hipnotizantes.


Ao chegar perto, sente-se um cheiro diferente, não é aquele cheiro típico de mar, é algo inexplicável, talvez seja pelos altos índices de cálcio, magnésio e potássio. Ao se tocar a água, ela é norma e de tão cristalina, dá para ver as pegadas deixadas como se fossem petrificar no fundo lamacento. 

O Mar atualmente está com uma extensão de mais ou menos 60 km. E a rodovia 65 segue seu percurso até o final do Mar. Em várias partes dá pra se notar umas espécies de piscinas ou grandes buracos (chamados de Bolaines) que são de água doce! Sim. Como o mundo está sabendo, as águas do Rio Jordão estão secando e é ele que abastece o Mar Morto. Com isso, o Mar, a cada dia, recebe menos água, o que forma estes buracos. Dizem especialistas que são águas de um rio subterrâneo descoberto pelos judeus há alguns anos atrás.


O mais incrível do Mar Morto são as histórias que ao longo dos milênios ocorreram por estas bandas, principalmente as histórias de cunho religioso como a separação dos filhos de Abraão, Ismael e Isaque, iniciando a criação das duas grandes nações (árabes e judeus) ou aquele episódio em que Jesus foi tentado pelo Diabo durante quarenta dias e quarenta noites. Mas nenhuma ganha tanto destaque como a de Sodoma e Gomorra que estavam localizadas aqui e acredita-se que estão submersas pelas águas do Mar e a descoberta dos Manuscritos do Mar Morto.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Personagens do Oriente Médio

Esta refugiada palestina está no livro dos Recordes como a mais jovem a se formar em medicina no mundo. Seu nome é Iqbal Al-Assaad e aos 20 anos de idade se tornou médica. Iqbal aos 12 anos se formou no Ensino Médio. E logo após, entrou na Universidade e se especializou em pediatria.


"Meu sonho é voltar para fazer algo pelos palestinos nos campos de refugiados." (Iqbal Al-Assaad). 

Personagens do Oriente Médio

Mohammad Assaf é o vencedor do Arab Idol 2013 (versão árabe do American Idol) e virou um símbolo da causa Palestina pelo mundo. O jovem de 23 anos que cantava em festas de casamentos em Khan Younis, um campo de refugiados em Gaza, conquistou milhões de fãs no Oriente Médio pela sua bela voz. 

Este ano, o cantor foi barrado de cantar na Abertura da Copa no Brasil, pois Israel acha que o artista incita o povo palestino a odiar os judeus. Israel e FIFA voltaram atrás e o cantor palestino se apresentou na festa que ocorreu em São Paulo do Congresso da FIFA.


“Eu já nasci sofrendo. Tudo de mais belo e básico que tínhamos foi destruído. Agora que tive a chance de cantar para as pessoas e ganhei, é meu dever falar sobre essas coisas. Quero contar ao mundo de toda a dor pela qual passamos”.

Assaf conseguiu ano passado, logo após estourar no mundo árabe, permissão para morar na Cisjordânia, área controlada pelos israelenses.

Confiram a apresentação do Mohammad Assaf no programa Arab Idol:



terça-feira, 10 de junho de 2014

A visita do Papa ao Oriente Médio

Esta semana Papa Francisco, Shimon Peres e Mahmoud Abbas se encontraram na residência papal no Vaticano para falar de paz e plantar algumas árvores.

Há algumas semanas, o Papa Francisco fez sua primeira visita ao Oriente Médio (com muito alarde, pois não quis andar com o Papa móvel blindado e todas aquelas regalias que costumam a fazer ao Líder máximo da Igreja Católica). Na Jordânia, sua visita foi norma, Amã continuou quase a mesma, a não ser aos arredores da Cidade Esportiva que se encontrava um pouco mais movimentada que o normal (ao todo são 8% da população jordaniana cristã) e pelos canais de TV que passaram ao vivo a visita do ínicio até o fim. A Associação cristã da Jordânia espalhou em conjunto com o Governo inúmeros pôsteres do Rei Abdullah II com o Papa Francisco com os dizeres de que a Jordânia dava as boas-vindas ao Líder Católico. E assim o fez.


Já em Israel e na Palestina, Francisco fez o que todos fizeram: pediu paz. E solicitou um encontro entre os representantes de Israel e Palestina (o que ocorreu no último dia 8 de junho).

Porém, pedir paz para a região do Oriente Médio é algo muito mais complexo que não está somente nas mãos de Israel e Palestina ou dos países da região. A complexidade dos conflitos e interesses que ocorrem aqui está num âmbito global, muito além do religioso ou étnico como gostam de nos descer guela abaixo.


Todos pedem paz para o Oriente Médio, mas enquanto a paz não vem, continuam massacrando, dizimando e roubando a riqueza, a cultura e o povo. E a culpa? São das armas nucleares, dos extremistas religiosos e das ditaduras que não dão ao povo o welfare state do ocidente. E isso fica claro com o que ocorreu no Iraque onde 85% de Bagdá foi destruída. Milhares de anos da história da Humanidade viraram pó por meio de soldados americanos e seus amigos que apertavam um botão e lançavam mísseis em bibliotecas, museus, hospitais, escolas, casas...A história do que era e o que hoje é o Iraque é algo que está manchado na História do mundo contemporâneo. Mas isso é história para um próximo post.

Nestas terras que já passaram grandes homens como: Nabucodonosor, Xerxes, Ramsés, Hamurabi, Dario, Salomão e outros tantos grandes líderes, hoje precisa de um verdadeiro líder que una, primeiramente, o povo árabe. Para depois conversar sobre paz com o restante do mundo.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Copa do mundo 2014 e o que o Oriente Médio fala dela

A uma semana do início da Copa do Mundo 2014 no Brasil, escrevo hoje sobre o que está rolando sobre o evento aqui no Oriente Médio.

Neste momento está passando em um canal do Barein as quartas de finais da Copa de 1998 cujo Brasil ganhou da Dinamarca por 3x2. Há vários canais exclusivos de esporte que passam memoravéis jogos da seleção. Por aqui, tudo é Copa. Tudo é Brasil, é verde e amarelo. Estamos nos noticiários, nos comerciais de tv, nas propagandas das lojas nos jornais. A al Jazzera está passando uma série de matérias sobre o país. Há uns dias assisti um documentário sobre o Brasil contemporâneo bastante interessante - mostrando a evolução do país desde o fim da ditadura e seus desafios para o futuro.

Nos noticiários, além dos atrasos, gastos alarmantes nas obras, pressões da FIFA, preparação das seleções, muito se fala dos protestos que se alastram há meses. Porém, Brasil é Rio de Janeiro. Os protestos parecem que ocorrem somente na cidade. Os comerciais mostram a cidade maravilhosa como sendo a única sede da Copa: pontos turísticos como Cristo Redentor e Copacabana exibem a exuberência brasileira por meio da natureza e de um povo fanático por futebol. Definitivamente Brasil é sinônimo de Rio de Janeiro. Somos isso: Rio, futebol e Carnaval. É o velho esteriótipo da nossa gente.


Há uma canal de tv chamado MBC3 que passa um programa muito legal sobre as curiosidades de todos os mundiais, sendo as histórias contadas por duas bolas (uma nova e outra antiga). Já em outro canal, são exibidas as preparações das seleções e seus melhores jogadores. Até o Nat Geo Abu Dhabi está na onda do mundial mostrando dois reporteres percorrendo vários países até chegar no Rio de Janeiro, entrevistando ex jogadores, conhecendo estádios que já sediaram a Copa do Mundo, como Centenário no Uruguai, e conhecendo seus povos e culturas. 

Nas ruas e nos jornais a seleção, ou melhor, Neymar, na maioria das vezes, está estampado como representante maior do nosso país. São outdoors dos patrocinadores do mundial ou anúncios de venda de televisão estampados nas páginas dos principais jornais.  

Pouco se fala de Cristiano Ronaldo. Aqui o ídolo é Messi! A seleção favorita é a Argentina. Nada melhor do que sonhar com uma final entre Brasil e los hermanos. Neymar para os árabes é um moleque. Ele ainda precisa aprender muito pra se tornar um verdadeiro ídolo. Mas muita gente torce para nós. Até porque, já passamos pelo roll das favoritas. Estamos acima de todos. Somos a "seleção das seleções" como me disseram. 

Os times conhecidos do Brasil são: Flamengo, Corinthians, Grêmio, Inter, São Paulo e Santos. E o motivo deve ser óbvio: todos foram campeões mundiais. Alías, a dupla grenal até aparece de relance em um comercial de tv junto com São Paulo e Timão! Mas os times queridos por aqui são os europeus Barcelona, Real Madrid, Milan e Bayer. Pelé, Rivaldo, Romário, Bebeto e Ronaldo são os ídolos brazucas que o povo por aqui lembra - os mesmos que nós. 

Faltando pouco para o mundial, eu vou assistir de longe aos jogos. Vai ser a forma de matar a saudade da minha terra. Vou torcer pra Argélia, para Holanda e para França e ter a oportunidade de ver Porto Alegre, nem que seja pelo Beira Rio mesmo...

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Museu de Dubai - Dubai Museum

Nada melhor do que conhecer a história de um local do que visitar um museu. Em Dubai foi idealizado no forte Al Fahidi, o Dubai Museum ou Museu de Dubai. Um pequeno museu que nos enche de informação!

O espaço está localizado na região histórica da cidade, pertinho dos souks, das ruelas movimentadas e da Dubai Creek e é o edifício mais antigo da cidade (construído no ano de 1787). O museu foi aberto em 1971 com o intuito de apresentar o modo de vida tradicional no Emirado de Dubai ao longo de sua história - de um pequeno vilarejo às margens do Golfo Pérsico até a construção da metrópole, graças a descoberta do petróleo.


O passeio pelo Dubai Museum custa 3 dirham - cerca de R$ 2,40 - e nos leva a ter conhecimento do cotidiano da região por meio de cenários muito bem construídos, de informativos e artefatos de descobertas recentes que remetem há mais 3000 a.C. 

Para quem gosta de museus, este é uma ótima pedida para quem está em Dubai e quer ver como a cidade se transformou tão rapidamente. 


Horário de Funcionamento:

Sábado a Quinta:  das 08:30h  às 20:30h
Sexta: das 14:30h  às 20:30h

Feriados:
Aberto normalmente

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Música brasileira no Oriente Médio

Hoje quero falar  de duas experiências que tive com música durante a minha estadia no Oriente Médio: Michel Teló e Chico Buarque. 

Parece algo muito nada a ver, mas tem tudo a ver. Andando de carro um dia desses em Amã, me vejo trocando de estação  e no rádio derrepende: "Nossa! Nossa! Assim você me mata". Buenas, minha primeira reação foi: " Sim, assim você me mata, com toda certeza!". Ouvir Michel Teló foi aquela surpresa (um pouquinho desagradável pra quem não gosta do estilo). Eu já tinha ouvido falar que esta música tocava pra estas bandas, mas até realmente ouvi-la...E o radialista no final ainda fala: "O sucesso brasileiro na nossa rádio". Logo após, vem aquele suspiro de decepção...Com tanta música boa no Brasil...Mas como isso veio do futebol...Eu também não queria que jogador ouvisse Chico Buarque...Não combina...


Mas não é que, para satisfazer meu ego e calar a minha boca, ligo novamente o rádio do carro, poucos dias depois e ouço: "Fado tropical" do Chico Buarque. Assim como o Teló, quando ouvi o Chico cantando fiquei surpresa. Todavia, uma ótima surpresa. Tocando Chico Buarque na Jordânia!!! Que máximo! O coração apertou de saudade do meu país. Já é raro ouvir Chico nas rádios do Brasil! Imagina aqui?!

É estranho ver dois artistas tão diferentes tocando suas músicas tão longe de casa. Ainda mais música em português, um idioma tão distinto do árabe. Mas é a velha máxima de que a música é universal. Não precisa entendê-la. É preciso senti-la. Seja boa ou ruim...Até porque, gosto não se discute.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Aqaba - a bela cidade às margens do histórico Mar Vermelho

A cidade turística mais ao sul da Jordânia é a bela Aqaba. Situada às margens do Mar Vermelho (o famoso mar que Moisés abriu) é um importante ponto estratégico para o reino da Jordânia. Seus limites são com Israel, Egito e Arábia Saudita. Aqaba é linda e antiga, sua história remonta há quase 4 mil anos. Por onde se olha a geografia da cidade impressiona (mar e montanhas vivem em harmonia). A economia da cidade está baseada fundamentalmente no comércio do porto (Aqaba possui o único porto da Jordânia e é por ele que entram boa parte do que é importado pelo país) e no turismo. Há hotéis e restaurantes para todos os bolsos, já que Aqaba é um dos lugares favoritos dos jordanianos para curtirem fim de semana, férias e feriados. A viagem é cansativa, mas bela. Há dois pontos que levam a cidade, a rodovia 65 que corta o país de norte a sul e outra rodovia que liga Amã a Aqaba. 


Mas o ponto crucial de visitar Aqaba é o Mar Vermelho. Ele é simplesmente lindo. Suas águas são de um azul turquesa cristalino incomparável e pode-se observar os corais e os peixes da beira dependendo do ponto que você está. Há praias públicas e outras pertencentes aos hotéis. Para quem gosta de curtir um pouco de aventura, é possível fazer mergulho e também, fazer um passeio atráves de uma espécie de submarino no qual os turistas sentam na parte inferior (que é feita de vidro) e observam a bela vida marinha do mar com peixes coloridos, tartarugas, tubarões e tanques de guerra que estão submersos. O passeio custa 30 dinares e a duração é de 1 hora e 30 minutos. Caso não queira se aventurar em mergulhos, a melhor coisa a se fazer é observar o por-do-sol. O Sol de põe atrás das montanhas localizadas no outro lado do Mar Vermelho onde estão as cidades de Eilat (Israel) e Taba (Egito). É possível pegar uma balsa e visitar o lado Israelense.


Aqaba possui uma bela estrutura. É uma cidade bem organiza e limpa (tirando o centro histórico onde estão localizadas as lojas - parece que estamos no Chuí). A cidade é famosa por ser uma Free Zone nos quais os jordanianos costumam compram produtos como perfumes e eletrodomésticos por um preço bem mais atrativo que o restante do país. A única parte ruim de Aqaba é o calor. Nesta época do ano (primavera no hemisfério norte) a temperatura média da cidade é 38 graus. Um calor quase que insuportável se não tivesse a brisa do Mar Vermelho.  

 

O velho e famoso Mar Vermelho que eu imagina, quando criança, Moisés abrindo-o com seu cajado, livrando os judeus das garras do Faraó é cheio de vida maritima e hoje é um dos lugares mais interessantes para a prática do mergulho. Aqui israelenses e árabes vivem de frente um para o outro e em paz. 

quinta-feira, 22 de maio de 2014

A questão da Violência: Como é viver no Oriente Médio

Esta foi a pergunta que mais ouvi antes de vir para o Oriente Médio: "Mas tu não tem medo de ir pra lá?" Buenas...minha resposta sempre foi a mesma: "Tenho medo é de viver no Brasil". Então, vamos tirar a prova dos 9...

Experimente caminhar na sua cidade de madrugada, deixar a chave do seu carro na ignição e sair para ir pagar uma conta no banco, não trancar a porta e as janelas de casa, andar na rua falando com alguém no seu IPhone,...Utopia? Não! Isso ocorre no Oriente Médio. 

Agora pense no que você lê ou assiste quando acessa um site de notícias ou quando está jantando e começa o jornal? Violência. No Brasil respiramos violência, almoçamos violência, escutamos violência. Ela está tão presente no cotidiano da sociedade brasileira que se tornou algo banal para a população, para os Governos e para os bandidos. Aliás, as únicas notícias relacionadas ao Oriente Médio são sobre violência!


A população brasileira já está perdendo o prazer em se divertir, em compartilhar momentos bons com a família ou com os amigos. Há medo de se sair para jantar e voltar tarde (quando não ocorre arrastão no restaurante), de se locomover pelas ruas de carro, de se ostentar. Aqui, as principais cidades possuem serviços 24 horas para atender a população que necessita comer e fazer comprar em horários não comerciais devido suas vidas corridas, por exemplo. Passear a noite é costume dos árabes, principalmente nas quintas e sextas e durante o mês de Ramadã.  Boa parte das redes de restaurantes e fast-foods costumam fechar suas portas às 5:00 da manhã. Não há problema de se cruzar um parque a noite, uma rua escura ou dirigir de madrugada.


No Oriente Médio a insegurança é outra. Falar em violência é falar em conflitos. A violência está no cotidiano dos países que estão sofrendo ou sofreram com guerras, como Síria e Iraque. Porém não é a violência que estamos acostumados no Brasil, violência que está encravada em nossa sociedade e que a cada dia cresce, deixando os brasileiros reféns dos bandidos e de Governos inoperantes e apáticos. Aqui é a violência por meio de declaração. Ela tem nome e alvo. É política (no sentido de existir uma razão política-social entre as partes). 

Os números de assaltos e assassinatos em países como EAU, Jordânia, Catar, Kuwait, Líbano são extremamente pequenos. E como é sempre noticiado, morre mais gente, anualmente, no Brasil com arma de fogo que qualquer outra guerra no mundo. 

É algo para se refletir, já que a desigualdade social também está presente nesta região. Há gente muito pobre, há gente muito rica. Se vê meninos desfilando com nike, camisa e calça de marca e outros de chinelo de dedo e blusa surrada vendendo hortelã e outras especiarias em uma barraquinha com o pai no centro de Amã. Porém, existem três componentes muito fortes que podem explicar isso: Lei, Religião e Valores. As leis são duras para os infratores, a religião pesa muito na hora de se pensar em cometer um crime e os valores morais e éticos ainda são muito fortes na sociedade árabe-muçulmana. A unidade familiar ainda possui um atributo importante que é o da educação. Outro fator que, também, pode ser colocado em voga é a proibição de bebidas alcoólicas e drogas (Na Jordânia há lojas especializadas na venda de bebidas, mas somente não-muçulmanos podem comprar). Já drogas, o mercado negro deve existir por aqui...Só não seja descoberto, senão...

Muitas pessoas me perguntaram como é viver no Brasil e acabo sempre dizendo a mesma coisa: "É bom, mas a violência é demais". É uma frase batida, mas tão real e triste que não me faz sentir saudade quando penso nisso. Ainda estou me acostumando a ser livre por aqui. Sem me preocupar se posso ser seguida ao sair do banco ou se usar um par de brincos de ouro. Já os árabes, ficam abismados em saber que a gente com tanta beleza, riqueza e sendo um povo tão querido, sofremos tanto com esse problema. O tema é tão complexo no Brasil e aqui que fico na superficialidade.

Por outro lado, não quero pintar o Oriente Médio como um paraíso, mas é tão bom poder andar pelas ruas às 3:00 de madrugada tomando sorvete e jogando conversa fora sem se preocupar.

terça-feira, 20 de maio de 2014

O transporte e o trânsito no Oriente Médio

Hoje resolvi escrever sobre o sistema de transporte e de trânsito no Oriente Médio.

Começo falando pelo Metrô de Dubai. O sistema de metrô da cidade é simplesmente maravilhoso - também, ele se destaca por ser o metrô mais luxuoso do mundo. A cidade possui mais de 40 estações (são duas linhas: vermelha e a verde) e cada estação parece uma galeria de arte ou um aeroporto pelo sua arquitetura. São lindas, climatizadas, limpas e organizadas. É um ponto turístico como a Linha A de Buenos Aires (obrigatória sua visitação). O sistema de informação é audiovisual e bilingue (arabe-ingles). Então não há preocupação de se errar a estação que se deseja descer. Além disso, a segurança é realizada por meio de cameras e policiais, dedicados exclusivamente ao metrô, fazem o monitoramento das linhas. Os trilhos são monitorados por sensores que, caso reconheçam algo errado, diminuem a velocidade automaticamente dos vagões. 


O sistema é controlado por computador e não há maquinista. Assim, a parte da frente do primeiro vagão é a mais disputada para quem deseja ficar admirando a vista durante o percurso - principlamente nas rotas de superficie. Há vagões exclusivos para mulheres e crianças, portadores de necessidades especiais e cabines chamadas gold - de luxo - para quem quiser viajar com mais conforto...Mais conforto do que os vagões "normais" ofecerem... 

Existem várias restrições e multas, caso o usuário não seja um cidadão respeitável. É proibido fumar, dormir, comer e beber no interior dos vagões e das estações - nem pense em deixar migalhas de salgadinho no chão do metrô. É multa na certa!


Tá mas e o preço para se andar nesta belezura? As tarifas variam conforme os trechos e custam a partir de 1,80 dhs (cerca de R$1,00) na cabine normal e 3,60 dhs (mais ou menos R$2,00) na classe Gold (luxo). Sim, acredite! Estes valores são para partidas e chegadas numa mesma zona do sistema. No site oficial do metrô é possível fazer uma simulação com os trechos desejados para se ter conhecimento do valor exato do custo da passagem. 


O horário de funcionamento do metrô varia de acordo com o dia da semana:
Sábado à quarta-feira: 5:50 a 00:00
Quinta-feira: 5:50  a 01:00
Sexta-feira: 13:00 a 1:00

Outro sistema muito utilizado de transporte é o táxi - esse é uma piada o valor da corrida. Já que o preço da gasolina na cidade é 0,70 centavos de real o litro...Há táxis exclusivos para mulheres digiridos por taxistas mulheres e identificados pela cor rosa. Todavia, se você é mulher pode pegar um táxi que não seja exclusivo - sem problema. 

Mas quem gosta de conhecer um lugar e ver como é o cotidiano de seus habitantes, pode-se aventurar pegando um dos 500 ônibus espalhados pela cidade que possuem conexão com as linhas de metrô. E não pense que, em pleno o verão de 45 graus de Dubai, você ficará esperando ao Sol o ônibus chegar. Todas as paradas de ônibus são cabines climatizadas. 


Outra alternativa é alugar um carro (muito barato), fazer longas caminhadas ou alugar uma bicicleta. Caminhar por Dubai é otimo! As estradas e avenidas no pais são muito bem estruturas e oferecem segurança aos motoristas.

O trânsito de Dubai flui e nos horários de picos há muitos carros circulando, mas nada que faça você meter a mão na buzina desejando que seu carro criasse asas e voasse. Diferentemente do sistema de trânsito e transporte de Amã. 

A capital da Jordânia o lema para se dirigir é: "Cada um por si. E salve-se quem puder". O número de carros batidos e arranhados é imenso. Por onde você olhar conseguirá avistar um carro assim. Não há metrô na cidade - apesar que existe um projeto, há anos, para a construção de um metrô (fico pensando como seria um sistema deste em uma cidade montanhosa como Amã) - e os onibus são antigos. A melhor maneira de se locomover é por táxi. Os pedestres se arriscam ao atravessarem as ruas, já que quase não existe faixa de pedestre. O que existem são passarelas, mas não o suficiente, claro. 

Buzinar é a mania dos motoristas por aqui. Se buzina por tudo! Para o carro da frente andar mais rápido, para avisar que o sinal a sinaleira está verde (eles buzinam antes de mudar a cor!), para cumprimentar alguém ou, meramente, buzinam. E não é raro ver um carro se atravessar do nada na sua frente porque o motorista avistou um amigo na rua. Eles param para conversar na via. 


Quase não se vê moto. As que existem são de empresas de entrega e da polícia - as motocicletas da polícia da Jordania são iguais as da polícia dos EUA. Dirigir e falar ao celular é tão comum como fumar por aqui. O que parece é que não existem leis de trânsito. Se atravessa o sinal vermelho, se buzina em frente a hospitais, se dirige ultrapassando o limite de velocidade, se estaciona nas calçadas - um dia desses um carro do Governo estava estacionado em cima da calçada deixando totalmente a via sem passagem para os pedestres que se arriscavam passando ao lado dos carros. Aqui, também, existem uma espécie de táxi coletivo. São carros que transportam passageiros com um destino já fixo por um valor muito menor se você fosse sozinho até o destino requerido com um táxi normal ou ônibus. 

Tudo que ocorre em Amã, ocorre nas grandes cidades do Brasil, mas parece que aqui são mais frequentes. Ou melhor, rotineiras. E não somente na capital, mas em outras cidades da Jordânia (sejam pequenas ou grandes cidades). Muitas pessoas me disseram que não era assim. O trânsito e a educação no trânsito mudaram com o imenso número de estrangeiros , ou melhor, refugiados que começaram a chegar fugidos das guerras em países da região (Iraque – pós invasão dos EUA, Siria – Guerra Civil, Palestina – expansionismo Israelense). Como ouvi: “É o preço que a Jordânia paga por ser pacífica”. 

Mas nem tudo é caótico por aqui, há algo muito interessante na Jordânia que no Brasil é visto como perigoso: a carona. É muito comum ver pessoas pedindo carona nas ruas e muitos motoristas atendem os pedidos. Na maioria são senhoras, crianças (indo ou saindo para estudar) ou trabalhadores. Há um sentimento muito grande entre o povo daqui de acolhimento e cooperação entre eles. Precisa de algo? Nós te ajudamos! E isso é em tudo. Mesmo que você tenha pouco, seu pouco pode ser compartilhado e ajudar uma segunda pessoa.

Amã, Dubai, Jerash, DayrAllah, Abu Dhabi, Al Salt são os contrastes desta terra cheia de distinção e semelhança com o Brasil. O que me faz ver que estamos no meio do caminho entre atrasado e o moderno.

domingo, 18 de maio de 2014

Jerash - a mais romana das cidades do Oriente Médio

A primeira cidade turística que visitei na Jordânia foi Jerash. E a frase para descrevê-la é: De volta à Roma antiga! Jerash é a segunda cidade mais visitada do país perdendo, é claro, para Petra. Para quem ama história, como eu, é uma parte do território jordaniano obrigatório para se ir e contemplar mais de 2 mil anos de história. 


Jerash está localizada pertinho de Amã, cerca de 40 km, mais especificamente, ao norte. A moderna cidade de Jerash fica a leste das ruínas. A velha e a nova Jerash dividem a muralha construída a milhares de anos. As ruínas da cidade antiga ficaram escondidas por séculos até serem "descobertas" no início do século XX por Ulrich Jasper Seetzen. A partir daí, iniciou-se o período de escavação e restauração. Atualmente, é uma das dez cidades romanas mais bem preservadas do mundo e, como Amã,  seu relevo é totalmente montanhoso com temperaturas agradáveis durante quase todo o ano. A maioria destes monumentos foram construídos por doações de cidadãos ricos da cidade durante seu auge.

Suas ruínas contam muito da história da região. A cidade foi conquistada pelo General romano Pompeu em 63 a.C. E sua era de ouro foi durante o domínio romano, no qual era conhecida por Gerasa. Conta-se que após a conquista do Império Romano em 63 a.C., Jerash e terras arredores foram incorporadas pela província romana da Síria, e mais tarde se juntou as cidades que formaram a Decápolis (grupo de dez cidades na fronteira oriental do Império Romano na Judéia e Síria). Em 90 d.C., Jerash foi absorvida pela província romana da Arábia, que incluia a cidade de Filadélfia (atual Amã). Todavia, escavações recentes mostram que Jerash já foi habitada durante a Idade do Bronze ( 3200 a.C. - 1200 a.C.). No seu auge, Jerash chegou a ter cerca de 800 mil metros quadrados, uma grande cidade para os padrões da região.


O imperador Adriano visitou Jerash entre os anos 129-130 e em homenagem à visita foi construído um arco ao sul da cidade.  Em 614, os persas invadiram Jerash. E a partir daí iniciou-se seu declínio. No ano 749, um grande terremoto devastou grande parte de Jerash e seus arredores. Durante o período das Cruzadas, alguns dos monumentos foram transformadas em fortalezas, abarcando o Templo de Artemis. Pequenos assentamentos continuaram em Jerash até a invasão otomana. 


Andando pela cidade antiga, nota-se que todos os espaços estão bem informados através de placas que contam a história do monumento e da cidade (em três idiomas: inglês, latim e árabe). Entre os lugares para se visitar em Jerash incluo:

A coluna Corinthium,
Cardo Maximus,
Arco de Adriano ( já quase na entrada da cidade),
O circo / hipódromo,
Os dois grandes templos (dedicado a Zeus e Artemis),
O Fórum oval em perfeitas condições e é cercado por uma bela colunata,
A rua com colunatas,
Região onde estava localizada o comércio da cidade,  
Dois teatros (o Grande Teatro do Sul - no qual ocorre anualmente o Festival de Jerash e o Teatro do Norte, menor),
Dois banheiros tipicos - aqueles nos quais os romanos se banhavam em público,
Dois pequenos templos,
Um circuito quase completo de muralhas da cidade.
Uma catedral construída no século IV,
A igreja de Marianos,
Uma antiga sinagoga com mosaicos detalhados, abrangendo a história de Noé, foi localizado debaixo de uma das igrejas.


Durante o trajeto há rapazes vendendo água, refrigerante, chapéus, mascaras do V de Vingança ( que eu não entendi o motivo), flautas tradicionais árabes no valor de 1 dinar (um pouco mais de R$3,00 – óbvio que tive que comprar um de recordação) e cobrando para tirar foto dos turistas...Há, também,  guias em 7 idiomas, não incluso o nosso, a 35 dinares para levar os turistas por todo o trajeto. Jerash é incrível não somente pela arquitetura greco-romana, mas por se saber que o tempo a deixou escondida por séculos embaixo da areia. Dá para imaginar o quanto ainda está por ser desvendado nestas terras...

sexta-feira, 16 de maio de 2014

40 dias, 40 noites no Oriente Médio

Inicio o post de hoje falando dos 40 dias já vividos no Oriente Médio. 40 dias de descobertas, encantamentos, surpresas e, por enquanto, sem nenhuma grande decepção.

Nunca tive medo ou receio de vir para cá. Não houve choque de cultura. Na verdade, sempre foi um sonho pisar nestas terras tão antigas e cheias de história. O medo e a ignorância vinham de terceiros. Perguntas relacionadas à vestimenta, guerra, terrorismo, sequestro de filhos, poligamia, idioma eram cotidianas para mim no Brasil que até cheguei a ouvir:"Lá tem Televisão?". Não julgava o não conhecimento das pessoas, até porque estas são as dúvidas que surgem quando se tem mídias que escolhem o que querem mostrar (o lado ruim das coisas). Para o imaginário de uma parte do mundo, Oriente Médio é sinal de homem-bomba, burca e homens casados com várias mulheres. Só que não é bem assim. Não mesmo. Meu medo era ter de ficar 16 horas em um avião...Mas até isso foi bom! A viagem foi tão tranquila que não consegui assistir um filme se quer até o final por causa do sono...


Meus primeiros dias foram vividos na bela Dubai. Cidade - graças ao dinheiro do petróleo - idealizada para ser uma metrópole cosmopolita. E Dubai é totalmente cosmopolita para lado bom e ruim. Com mais de 120 nacionalidades vivendo em um mesmo espaço, há respeito entre elas. Se vê nas praias mulheres com Hijab ou de biquíni fio dental. Nas ruas, indianas de barriga de fora em suas roupas tipícas, mulheres muçulmanas com seus cabelos cobertos, européias com mini-saias, passeiam. Algumas de mãos dadas com seus parceiros ou acompanhadas de amigas. Todavia, há o problema, que tanto se fala, daqueles que construíram e constroem este mundo glamoroso, indianos, paquistaneses que trabalham duro para ver Dubai sendo Dubai.

Um pouco mais de 100 km dividem Dubai de Abu Dhabi, a capital dos EAU, que segue os passos da vizinha já famosa e rica. Tem reservas de petróleo gigantes em seu solo e está se transformando em uma cidade cheia de arranha-céus, mas com um ar de cidade ainda provinciana. Possui belos parques, avenidas largas e perfeitas para se dirigir. Assim como Dubai, a violência é quase "0". Pode-se andar nas ruas a qualquer hora. Coisas de Oriente Médio...

Já na Jordânia, o cenário é diferente dos EAU. O país respira história. As construções são feitas de pedra. A capital, Amã, tem um tom bege claro em sua arquitetura. E com o passar do tempo, o vento traz poeira que pinta os prédios de um marrom claro, deixando a cidade com nuances de ser mais velha do que parece ser (Amã data da Época Romana). Há três grandes edifícios apenas que estão sendo construídos. Amã está cheia de ruelas e é totalmente montanhosa. Andar ou dirigir por ela requer atenção, já que o transito é caótico. O povo, porém, é maravilhoso e acolhedor em demasia. Ser recebido bem em uma casa jordaniana é um convite para comer bem e ser muito bem tratado. Eles querem que você se sinta bem como se estivesse em casa. As refeições são quase um banquete e é comum se comer com a mão mesmo que os talheres estejam à mesa. Parece estranho, mas comer com a mão parece que deixa a comida mais saborosa!!! 


Sobre a forma de se vestir, há semelhanças com o Brasil (é claro que não se vê decotes, barrigas de fora e homens sem camisa). O uso do Véu (Hijab) não é obrigatório, mas a maioria das mulheres o usa. E usam porque querem. O que se vê é uma população muito arraigada às origens, tanto as mulheres, quanto os homens. Muitas mulheres usam as vestimentas tradicionais da região (túnica escura com detalhes coloridos) e alguns homens usam as típicas túnicas brancas com o Keffiyeh (lenço branco com preto ou vermelho) na cabeça. Mas as vitrines das lojas estão cheias de vestidos, saias, blusas com cortes "ocidentais".

Sobre religião, na Jordânia não é difícil ver igrejas católicas. Em Amã, por exemplo, há igrejas de frente para mesquitas em diversas partes da cidade. Aliás, o país está se preparando para a visita do Papa no fim do mês. Painéis espalhados pela capital mostram o Papa e o Rei Abdullah II juntos, com o propósito de mostrar que a Jordânia é um país de paz e sem preconceitos. O islã é maioria e ouvir o Adhan (chamamento para a oração) cinco vezes ao dia é lindo. Minha decepção foi com o cigarro. É horrível, mesmo que seja proibido fumar em vários lugares, a população burla a lei. Fuma-se em lugares públicos e privados. Alguns restaurantes tem ala para não fumantes, mas mesmo assim, o cheiro do cigarro está impregnado no ar. Uma falta de respeito...

Os traços culturais do "ocidente" estão impregnados na cultura árabe de hoje. Está nas roupas, nos programas de televisão, nas novelas brasileiras e mexicanas que são sucesso por aqui, na música e na forma de se falar. O estrangeirismo cotidiano por estes lados tem sua vantagem, por exemplo, porque uma parcela muito grande da população fala inglês. Entre eles já virou rotina incluir palavras estrangeiras nos diálogos. Mas muitas coisas são polidas na mídia, por um lado. Cenas de sexo e palavrões são censurados em muitos canais de tv. Porém, se vê cantoras, principalmente do Líbano, sensualizando em clipes a moda Shakira e derivados. É o American Way of Life colocando sua semente no mundo. 

Nestes 40 dias de Oriente Médio muitas situações engraçadas ocorreram, como ficar sentada em uma sala com pessoas falando somente árabe comigo sem eu entender uma só palavra, sendo entendida apenas por mímica ou de ser paparicada por meninos que vieram até o carro e beijaram a minha mão como se eu fosse uma lady! É corriqueiro meninas me falarem "Hi" na rua e ficarem super sorridentes quando eu retribuo com um "Oi" em português. Aqui eu pareço exótica comparada às belas mulheres árabes. As pessoas me olham com curiosidade e quando eu falo, elas ficam na expectativa de saber de onde sou...É uma incógnita. Está na cara que não sou das redondezas. Se eu pareço exótica para eles, eles não me parecem exóticos. Eles são o retrato que eu pintava na minha mente. Mas com pinceladas borradas de um mix de valores e culturas que estão querendo impô-los que deixam o quadro com traços ecléticos. Coisas da globalização...

Miracle Garden - o Jardim do Éden de Dubai

Já parou pra pensar encontrar um belo jardim, com flores de verdade em um deserto? Este lugar existe! É o Miracle Garden, localizado em Dubai nos Emirados Árabes Unidos.  O “Miracle” é, hoje, o maior jardim do planeta e não poderia estar em nenhuma outra parte do mundo se não fosse em Dubai. Foi o primeiro lugar que fui visitar ao chegar na cidade. E que início de viagem maravilhoso!!!


O "Dubai Miracle Garden" contém mais de 45 milhões de flores nas formas de corações, estrelas, iglus, borboletas, pirâmides, em vasos gigantes, dentro de carros e assim por diante. Concebido como uma atração turística e também com propósito de estabelecer recordes mundiais,o jardim atrai cerca de um milhão de visitantes por ano e a temática do espaço, com os arranjos florais, muda a cada temporada (assim como todos os canteiros de flores espalhados pela cidade) para que os visitantes possam ter a cada visita uma nova e surpreendente experiência.


Basta digitar o nome do Jardim no Google Imagens para se ter noção do que é possível fazer nesta terra que foi e está sendo idealizada para ser um exemplo do que será o futuro. Dubai está se tornando o lugar mais interessante e futurístico da Terra e já está se preparando para receber a Expo 2020 ( Feira Mundial que ocorre desde o século XIX e que em sua próxima edição terá como lema:"Conectando Mentes, Criando o Futuro" - as obras estão por diversas partes da cidade). 

Dubai é uma pequena cidade, com pouco mais 4100 km², às margens do Golgo Pérsico, possui os mais fantásticos pontos turísticos da modernidade, tira água do deserto, faz florescer jardins, constrói edifícios que desafiam a arquitetura e faz milhões de turistas se impressionarem ao pisar em seu solo. O Governo está apostando de forma inteligente no turismo como fonte de renda, já que o petróleo está se esgotando!!!! Na verdade Dubai saiu do pequeno vilarejo extrator de pérolas para se transformar em uma cidade para bon vivant.

Dubai, assim como outras regiões no Oriente Médio, é um exemplo do que se pode ser feito em regiões áridas, como o nordeste do Brasil que sofre tanto com a seca. Desta forma, o "Miracle Garden" pode ser considerado o Jardim do Éden, não somente de Dubai, mas da Terra!


Um lugar lindo para se visitar sempre que se ir à Dubai.

Horário de funcionamento: de Domingo a quinta: das 9hs às 21 hs. Sexta e sábado: das 9hs às 23 hs
Ingresso: 30 AED (cerca de 20 reais) que é possível entrar no Jardim 2 vezes (de dia e a noite) Crianças até 3 anos de idade e pessoas com necessidades especiais a entrada é gratuita.

Site: www.dubaimiraclegarden.com/